terça-feira, 27 de maio de 2008

O pé direito de um calçado velho

Que atire a primeira meia soquete quem nunca teve (ou pelo menos quis ter) um all-star, uma melissa de camurça ou uma bota de verniz. São os típicos calçados da moda (em algum momento da vida), que qualquer mulher desembolsa uns troquinhos para comprar. Afinal, você não quer ser o único fora da moda, não é?

Dito isso, expresso com menos revolta o meu ponto-de-vista sobre as amigas. Por anos, pelo menos nos últimos quatro, tento esconder a revolta com o “Clube da Luluzinha”. Numa estação me sinto o sapato de verniz, top de linha das passarelas do SPFW e, na estação seguinte, não literalmente esse período de tempo, me sinto o all-estar velho, filho único na festa do Oscar. Como se fosse o pé direito (não gosto do esquerdo, não me pergunte o porquê) de um calçado usado, fora de moda, jogado pra escanteio e, quando muito, doado para alguém que necessita.

Agora me pergunto: como as pessoas conseguem ser tão seletivas a ponto de descartar uma amizade? Ok, não existe juramento daqueles “Até que a morte as separe”, mas, péra lá! Ou sou eu muito leonina- leia-se possessiva, apegada e sentimental-, ou são elas muito desapegadas.

Pois bem, esse testemunho parece uma cartinha de adolescente de 15 anos, mas lá no fundinho quero expressar que fico muito triste quando me encontro na posição de descarte- será mania de perseguição? Por mais maluca que sou – e sei que sou- tento ser uma amiga de verdade. Daquelas prontas a escutar, aconselhar e dizer besteiras a qualquer hora do dia. Também topo diálogos intermináveis, que começa pelo assunto “consumo” e termina em“filhos, futuro e cachorros”. Também sou pau pra toda obra quando convidada para bater perna numa terça-feira, depois do expediente, atrás do vestido ideal.

Como uma boa publicitária, talvez eu esteja vendendo bem o meu peixe, mas confesso que nem tudo são flores. Também sou a amiga que cobra por atenção, que pede carinho e ouvidos. Sejamos justas: não peço exclusividade, até porque acredito que nenhuma amiga é igual à outra. A única exigência, se é que posso exigir, é que você, amiga, seja tão verdadeira quanto eu na nossa amizade. Já ouviu falar de reciprocidade?

Sou tão seletiva como muitos e tão descartiva (existe essa palavra? Pessoas que descartam outras?), como pouquíssimos. Disso eu me orgulho. E quer saber? Eu posso não ser o sapato do momento, posso até ser encardidinho e démodé, mas tem sempre alguém que gosta do conforto de um sapato velho à bolhas de um novinho.

Obs: nada pessoal ou dirigido.

3 comentários:

Lola disse...

Flor, anos atrás, quando eu ainda era pequenina, li um texto maravilhoso de alguém que não me lembro o nome. Amizades, são como livros. Tem aqueles que ficam na cabeceira, acompanhando-a durante todos os dias. Outros, ficam guardados em sua bela estante. Um dia, por algum motivo, o que estava na cabeceira vai pra estante e um que estava na estante vai pra cabeceira. Mas isso não quer dizer que aquele que antes era lido todos os dias perdeu a importância. Ele apenas foi para um local mais reservado (e preservado). O valor dos livros que estão na estante é tão grande quanto o daqueles que ficam na cabeceira. O que importa é saber que a gente sempre pode recorrer a eles - independentemente do momento. Isso é amizade: é entender que estar na estante não lhe desmerece. Ao contrário, a torna especial. Livros na estante são consultados em momentos importantes, quando uma dúvida surge e a gente tem certeza que ele pode nos ajudar a resolver. Não ser manuseada todos os dias e a todos os momentos só implica que, naquele momento, estamos indo por caminhos diferentes... mas sempre de mãos dadas. Não se sinta preterida pelas pessoas (até mesmo você tem livros na estante e cuida deles muito bem). Ao contrário, sinta-se vitoriosa por conseguir possuir livros tão bons. Bjinhos

Lora disse...

Guria...

Eh mais fácil falar desse tópico aqui... mais pq tu me citou nele!!! Arianos, HAH...

Mas pode ter certeza q eu n sou assim.. como esses arianos aí...

Queria tb te dizer q acho muuuito legal o jeito q tu escreve... e q tu eh uma baita profissional...
E uma grande amiguinha!!!! =]

Como eu n escrevo lá grandes coisas, paro por aqui!!

Bjinhos!

walmor - redator disse...

ligia, seu sapato velho é sempre muito confortável!
bj
walmor