quarta-feira, 28 de maio de 2008

O trânsito nosso de todos os dias

Moro em Guarulhos, mas tenho uma vida em São Paulo. Isso significa trabalhar, estudar, namorar, passear, tudo a 40 quilômetros de distância, todos os dias. Nessas idas e vindas, posso afirmar (com propriedade!) que me tornei uma especialista em comportamento no trânsito. E acredite: é muito interessante!

Vamos aos exemplos:
O lerdinho: é aquele motorista que aprecia a paisagem ou aproveita o trânsito para meditar. Nessa brincadeira deixa 3, 4,5 carros passarem na frente sem perceber.

O escandaloso: é aquele que mete a mão na buzina por qualquer motivo. Parece que está sempre atrasado - por que não acorda 5 minutos mais cedo?

O esquentadinho: nós mulheres somos campeãs nessa categoria - o que não elimina os homens de fazerem o mesmo. Com os hormônios à flor da pele berramos com o colega do carro ao lado, às vezes sem grandes motivos...

Além dos estereótipos básicos, há outras atitudes dignas de um bom trânsito: alguém cutucando o nariz, ou no celular, ou cantando em altíssimo som, ou tirando a sobrancelha, ou passando batom, ou qualquer coisa do tipo. Ah, não posso esquecer aqueles que aproveitam o trânsito para paquerar. Tem sempre um xavequeiro de plantão!

Apesar dos pesares, faço bom uso dessas horas em vão. Hoje, por exemplo, presenciei uma cena linda, típica de filme americano. Um casal – lá pelos seus 25 anos-, papeava tranquilamente no trânsito. Sabe-se lá o porquê o rapaz ficou nervoso. Daí para uma bela briga foi um pulo. Ela tentava se explicar. Ele, por sua vez, não estava a fim de ouvir. A guerra durou uns 13 minutos. Mas isso pouco importa. O sensacional foi a reconciliação deles. Emocionante!

Ok, agora você me pergunta: “O que eu quero dizer com tudo isso?”. Quero dizer que o “maldito” trânsito me ensina alguma coisa. Ainda não descobri a moral da história, mas esse último exemplo mexeu com o meu dia. Obrigada casal desconhecido.

terça-feira, 27 de maio de 2008

O pé direito de um calçado velho

Que atire a primeira meia soquete quem nunca teve (ou pelo menos quis ter) um all-star, uma melissa de camurça ou uma bota de verniz. São os típicos calçados da moda (em algum momento da vida), que qualquer mulher desembolsa uns troquinhos para comprar. Afinal, você não quer ser o único fora da moda, não é?

Dito isso, expresso com menos revolta o meu ponto-de-vista sobre as amigas. Por anos, pelo menos nos últimos quatro, tento esconder a revolta com o “Clube da Luluzinha”. Numa estação me sinto o sapato de verniz, top de linha das passarelas do SPFW e, na estação seguinte, não literalmente esse período de tempo, me sinto o all-estar velho, filho único na festa do Oscar. Como se fosse o pé direito (não gosto do esquerdo, não me pergunte o porquê) de um calçado usado, fora de moda, jogado pra escanteio e, quando muito, doado para alguém que necessita.

Agora me pergunto: como as pessoas conseguem ser tão seletivas a ponto de descartar uma amizade? Ok, não existe juramento daqueles “Até que a morte as separe”, mas, péra lá! Ou sou eu muito leonina- leia-se possessiva, apegada e sentimental-, ou são elas muito desapegadas.

Pois bem, esse testemunho parece uma cartinha de adolescente de 15 anos, mas lá no fundinho quero expressar que fico muito triste quando me encontro na posição de descarte- será mania de perseguição? Por mais maluca que sou – e sei que sou- tento ser uma amiga de verdade. Daquelas prontas a escutar, aconselhar e dizer besteiras a qualquer hora do dia. Também topo diálogos intermináveis, que começa pelo assunto “consumo” e termina em“filhos, futuro e cachorros”. Também sou pau pra toda obra quando convidada para bater perna numa terça-feira, depois do expediente, atrás do vestido ideal.

Como uma boa publicitária, talvez eu esteja vendendo bem o meu peixe, mas confesso que nem tudo são flores. Também sou a amiga que cobra por atenção, que pede carinho e ouvidos. Sejamos justas: não peço exclusividade, até porque acredito que nenhuma amiga é igual à outra. A única exigência, se é que posso exigir, é que você, amiga, seja tão verdadeira quanto eu na nossa amizade. Já ouviu falar de reciprocidade?

Sou tão seletiva como muitos e tão descartiva (existe essa palavra? Pessoas que descartam outras?), como pouquíssimos. Disso eu me orgulho. E quer saber? Eu posso não ser o sapato do momento, posso até ser encardidinho e démodé, mas tem sempre alguém que gosta do conforto de um sapato velho à bolhas de um novinho.

Obs: nada pessoal ou dirigido.

Uma florzinha nesse mundão de meu Deus

Você já se perguntou qual é a sua posição nesse mundo? Para que veio? O que tem de importante e notável para fazer? Se souber responder, meus parabéns. Eu não sei. Aliás, não faço a menor idéia. O que posso dizer nesse post de boas-vindas é que eu não vim a esse mundo a passeio.

Terceira filha, caçulinha da mamãe, vim para buscar o meu cantinho ao sol. Ou, se preferir, minha terrinha no jardim. Ainda não sei qual é a minha missão – se é que existe alguma-, mas busco todos os dias cumprir a missão de todos os dias. Parece poético, mas viver em São Paulo – prédios, trânsito, poluição e perigo –, é mesmo uma missão. Não é?

Aos 23 anos sei que ainda tenho que comer muito arroz e feijão para ser alguém nesse mundo. Sou apenas uma florzinha – por ironia, esse é o meu apelido há muitos anos (será que tenho cara de flor?) –, nesse mundão de meu Deus. Mas não sou uma florzinha qualquer. Ah, não! Quero água, terra fértil e ventinho no rosto. Luto por isso. Também sou muito curiosa e apaixonada pela arte de viver. Cá entre nós, existe algo mais prazeroso do que papear sobre as mazelas da vida? Oh coisa boa!

Se você passear por essas bandas vai encontrar altos papos e, quem sabe, um pouquinho de diversão. Como eu disse, não vim a passeio, então começo aqui a registrar um pouquinho da minha história. E, você, sinta-se à vontade. Seja bem-vindo!